aqui e agora de 2000 e hoje
Escrevo para a
amada e querida poetisa, aquela deusa que veste e desveste as palavras,
entoa o som da
dúvida e da certeza,
que aprimora o
pensar e principalmente o escutar.
Escrevo porque ela
necessita disto também, de ler sobre uma espécie rara de flor
enquanto ouve em voz grave
do Arnaldo Antunes:
"e parecia-lhe
que entrava enfim, numa existência superiormente interessante"
Desejo-lhe o banho
tépido da música e
o intrépido acaso
fora da fronteira da realidade concreta,
desejo-lhe uma
ninhada de sons
nascidos de
gargalhadas neon,
e desejo-lhe
claro, pilhas de livros lidos e de discos saboreados, ou saboreadis, a la
Mussum.
Hoje pela manhã, eu
vi a poetisa caminhando entre nuvens e
gotas de café sobre a mesa.
Ela sorri
calmamente para a nossa ridícula pressa cotidiana.
O que será que ela
pensa enquanto minha boca vai ficando colorida do batonzão que eu passei?
Escrevo para a
poetisa que poetiza minha vida, faz gracejo na ponta do ponteiro e gravita na
corda vocal da minha imaginação.
Suas memórias me
atravessam e me navegam, eu mergulho e vou respirando devagar, mantenho meu olhar
nela, que vai flutuando naquele "azul que é pura memória de algum
lugar".
Estamos numa quinta
feira e por ordem dela,
play na tarde,
pause no mouse,
dedos em teclas,
danças e olhares
Escrevo para sua corte desenhada por seu lápis matemágico
que multiplica e pluraliza as cores de Almodóvar, e mais ainda de Gil
incrível como ela faz isso, inspira o coração maltratado e põe-nos atentas aos sinais e às lições do dia:
carregar as sementes e saber o que está fazendo, o portal está próximo, estar forte, serena e
grata, encontrar a saída do labirinto e receber o presente.
Boa sorte prá gente
<3