quinta-feira

Dicas do dia

✴ Banco do Brasil querido, perdoa as dívidas, os empréstimos, os imóveis financiados de toda a população negra que possui conta no banco desde a sua inauguração... Que tal?

✴ Prô, pare de rivalizar, disputar, abra sua mente e nos deixe respirar... Relaxa, porra!

✴ A ingratidão chega sempre com a lição... se posicionar, ou não.

✴ Amar como ensina bell hooks, agindo e reagindo legitimamente... onde tem amor, tudo evolui, absolutamente

✴ Distanciar-se como ensinou Frida Kahlo, ir embora, justamente por não poder amar...

✴ E aproveitar o dia, até o último minuto, fazê-lo valer a pena de algum modo, furando a bolha, ressignificando o incômodo, desopilando o cansaço, subvertendo os ponteirinhos de dentro, surpreender o cérebro, o corpo, a fome e a sede, deitar sorrindo...


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Para a amada poetisa:

aqui e agora de 2000 e hoje 


Escrevo para a amada e querida poetisa, aquela deusa que veste e desveste as palavras,

entoa o som da dúvida e da certeza, 

que aprimora o pensar e principalmente o escutar.

Escrevo porque ela necessita disto também, de ler sobre uma espécie rara de flor 

enquanto ouve em voz grave do Arnaldo Antunes:

"e parecia-lhe que entrava enfim, numa existência superiormente interessante" 


Desejo-lhe o banho tépido da música e

o intrépido acaso fora da fronteira da realidade concreta, 

desejo-lhe uma ninhada de sons

nascidos de gargalhadas neon, 

e desejo-lhe claro, pilhas de livros lidos e de discos saboreados, ou saboreadis, a la Mussum.

Hoje pela manhã, eu vi a poetisa caminhando entre nuvens e 

gotas de café sobre a mesa.

Ela sorri calmamente para a nossa ridícula pressa cotidiana.

O que será que ela pensa enquanto minha boca vai ficando colorida do batonzão que eu passei?

Escrevo para a poetisa que poetiza minha vida, faz gracejo na ponta do ponteiro e gravita na corda vocal da minha imaginação.

Suas memórias me atravessam e me navegam, eu mergulho e vou respirando devagar, mantenho meu olhar nela, que vai flutuando naquele "azul que é pura memória de algum lugar".

Estamos numa quinta feira e por ordem dela,

play na tarde,

pause no mouse,

dedos em teclas,

danças e olhares

Escrevo para sua corte desenhada por seu lápis matemágico

que multiplica e pluraliza as cores de Almodóvar, e mais ainda de Gil

incrível como ela faz isso, inspira o coração maltratado e põe-nos atentas aos sinais e às  lições do dia: 

carregar as sementes e saber o que está fazendo, o portal está próximo, estar forte, serena e grata, encontrar a saída do labirinto e receber o presente.

Boa sorte prá gente <3

sábado

Pérola

Durante a sessão de cinema, fiz um poema.

Era outono ainda... agora a primavera se aproxima...

Eu nunca vi o seu sorriso gargalhante, nem brindei o reveillón contigo numa taça brilhante, mas nos meus escritos, você é a estrela mais bonita, e a mais distante...

Eu nunca andei de mãos dadas contigo na beira do mar, mas nos meus sonhos, chegamos a jantar com os pés na areia, antesala de Iemanjá, e brindamos sim, numa taça iluminada pelo sol se pondo, odoyá...

Eu nunca fui apresentada à sua família, nem nunca recebi aquele apaixonado bom dia, mas nos meus olhos, eu carrego o amor ainda nu e cru, sem orgulho, sem pecado, só revirado pelo avesso do avesso do avesso... que o diga Caetano... caralho, será que é isso Caetano?

Eu nunca tive nem chance de ensinar, só aprendi a ser e não ser, eis tantas questões que o Shakeaspeare veio me mostrar, me provocar, me alucinar e me elucidar... Em que estação naquele ano, daquele dia, estávamos nos vendo pela primeira vez? Era outono também... Te reencontro sempre no outono... 

Entretanto, neste outono finalmente me despeço, para sempre.

Odoyá

esteja onde seja feliz.



domingo

Tom Zé né?

Viva o Tom Zé né?

Cada música... Cada letra... Cada cadência... Cada uma... Cademar...

De vez em quando todos os meus olhos e ouvidos se voltam prá música dele, eu sou inocente, preciso estudar esse samba...

vou e volto no atrocadocapacaustico... sou atropelada pelo complexo de épico, saboreio ali pelo edifício Itália um pecadinho, só um bocadinho, prá aprender , viu Dodó, que o medo é o nosso melhor conselheiro...

Na noite do meu bem, eu viajo no sonho colorido de um pintor, eu mergulho na dor e dor, lavo o riso e a faca, apago as mensagens sob os clarins da coragem, punhais e mais... 

Se o caso é chorar, primeiro descascar, o abacaxi de quem? O meu e o de Irará. Só depois vagar, sem o sândalo, sem happy end, passar mal e tomar sonrisal...

Eita senhor cidadão, a língua prova que

a tradição se faz com ___ quilos de medo e a seriedade com ___ mortes no peito

embora Jimmy renda-se, toque se rock, se rock rock me... 

eu tô te explicando prá te confundir... bota o som aí, escuta esse som meio Gonzagão, meio Dalí...

eu tô indo ali, ouvir aquele disco, de setenta

estudar o samba desse sujeito que é xique-xique demais,

vai experimenta! <3 

segunda-feira

Fofoca

Essa história começa assim:

Mulher recebe mensagem via whatsapp de número desconhecido. Trata-se de: fofoca. Fofoca sobre ela. São prints de conversas a respeito de sua personalidade, seu modo, sua vida... Abalada, ela guarda tudo e fica em silêncio por mais de 20 dias. Quando consegue, desabafa com o colega de trabalho, que chocado com a notícia, pede prá ver os prints, ao que ela se recusa, pois não quer causar alarde e sim tentar entender quem fez isso... o que motiva alguém a enviar "anonimamente" conversas negativas sobre alguém?

Os dias vão passando e as demandas do trabalho aumentando. A mulher percebe que o clima mudou desde o episódio fatídico, e decide seguir em frente, sem acionar advogados ou entrar com um processo por difamação (sim, ela foi orientada a isso), mas a cabeça abriu e ela desistiu.

Um ano se passou.

Muitas fofocas já rolaram.

Um dia, a mulher está numa mesa, preenchendo os formulários de sempre, quando se aproxima dela, um funcionário e diz que sabe aquela história do ano passado e tal... Ela fica reticente e pergunta sobre o que ele sabe, ele então responde que sabe quem mandou os prints e pergunta a ela se ela quer saber ainda... Ela diz sim, secamente, esperando talvez um nome óbvio, mas se surpreende com a resposta: fui eu.

Silêncio.

Ela se levanta, recolhe os formulários e se retira, sem olhar para o sujeito. Encaminha-se para o departamento de RH, anuncia sua demissão e vai pegar suas coisas para levar embora. O sujeito e as pessoas do departamento ficam embasbacadas com a postura da mulher, que sem dizer palavra, vai enfiando seus objetos pessoais em uma bolsa de tecido azul, com fuxicos laranja. Não responde, nem olha para mais ninguém. Finaliza o recolhimento e sai porta afora.

Em casa, joga a bolsa no sofá e vai pro banho. Se troca, se arruma, se perfuma. E deita na cama, pronta prá sonhar. O celular bomba, muitas mensagens especulatórias, mas ela silencia todas e adormece sob o silêncio pacífico que faz dentro e fora de seu peito...

O dia acaba, e a vingança começa...



Então

então o homem vestido com um bom terno disse ao outro também vestido com um bom terno, comendo uma boa comida:


- aí é simples, ô xará, a gente deixa as pessoas bem tristes, bem cansadas, bem desanimadas, depois jogamos umas notícias mais ou menos boas,  elas acreditam que tudo vai melhorar... continuam empurrando, esperando... e a gente continua pegando tudo que é nosso...

 

- é xará, tristeza e cansaço, o veneno deles, o nosso remédio... hahahaha!

- hahahahaha!



e enquanto desligava o celular, enfiou uma boa garfada na boca da boa comida que saboreava.

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sexta-feira

Perde-se

 

Perde-se 

o precioso verso

e o precioso tempo

quem  planeja vingança  se debruçando

no detalhe mofado da porta que nunca abriu...