domingo

Sopro

Donzela que sopras forte,
Vento da saudade violenta
Donzela você não aguenta
Saudade é só prás fortes...




terça-feira

Varal de ideias


Nesta tarde o sol alinhavou ideias esfriadas,
Contidas nas gavetas escuras de dentro...
Elas saíram uma a uma enfileiradas por um fio de calor humano...
Varal de ideias que ao invés de secarem,
Molharam-se da chuva de expectativa que caía na cabeça sem parar...
Depois o sol se pôs.
O varal ainda está lá, segurando.
As ideias também, ainda gotejando.
Quando o vento da vontade bater,
Certamente as ideias, passivas e penduradas, voarão sem querer.
Para onde elas vão é que não dá prá saber,
Muito menos o que pode acontecer!
Já pensou se o varal não aguenta
E com o peso arrebenta
Fazendo cair as ideias, agora mais sedentas?
É melhor reforçar o varal
Limpar bem o seu quintal
Prá garantir uma segunda chance.
Se a ideia cair, não precisa se afligir
Caia junto e junto se levante!
Pendure as ideias de volta
E você vai perceber algo intrigante:
Depois de uma queda, nenhuma ideia, nenhum ser humano,
Pensa e vive como antes...





                  



quinta-feira

Enquanto isso na Estação da Luz...


Uma mulher de cabelo roxo lê um livro
Um camundongo passeia pelo trilho
Yann Tiersen no meu fone, evoca solidão...
Um casal se beija
Alguém grita: VAI CURÍNTIA!
Um moço me olha
Uma criança chora
Duas garotas gargalham
Eu escrevo.
Penso na vida,
Enquanto o trem não chega...

sábado

O mágico da noite...


Toda pele deseja
Toda boca espera
Todo olhar alcança
O toque
O beijo
O outro.
Nada que foi
De novo será
Tudo que vem
Um dia irá
Só o céu pode deter
A cor do arco íris
Arco feito de magia
Sombra invisível da felicidade
Lembrança bordada de sorriso
A noite repinta o teto da saudade
E cai adormecida